A sensação após cada entrevista era de alívio. Alívio porque o cubano entendeu o espanhol enrolado, alívio porque tínhamos um a menos, alívio porque o alívio era a única sensação que vinha à mente. Sim, não há explicação para algumas sensações.
Desejo de voltar, de refazer algumas coisas mas já não era possível. Nunca foi. A imaginação ia longe e a sensação de estar de volta em casa se dissipava em 2 segundos. Dois segundos após um "Silvia" que mais parecia "Silbia".
O ar era diferente, a umidade era intensa, o calor era absurdo, a correria era permanente e nós, ah nós, não éramos mais as mesmas.
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Cemitério. Engraçado como ele é universal. O conceito, as obras e todo o resto. A sensação de peso, de perda e de castigo é muito forte. Alguma coisa te aprisiona assim que você olha para os grandes portões da entrada e não te deixa virar as costas e ir embora. Segundos, minutos, horas, dias e, por fim, semanas longe das pessoas que amamos passam de forma lenta, doída e até exaustiva. Ficar sem quem tanto contamos, sem dar o telefonema de ‘boa noite’ ou até mesmo brigar com determinadas pessoas faz falta. Tanta falta que você repensa se a sua decisão – a de ir para longe, mesmo que momentaneamente – foi a correta. Era quase meia noite quando realmente pisamos em solo cubano. O ar era como eu lembrava. Quente. Tão quente quanto um forte abraço. Tão úmido quanto um beijo, tão constante e amado - pelo menos naquele instante. Após um longo vôo entre Brasil-Panamá, as pernas já não respondiam aos nossos comandos. As pesadas bolsas equipadas com câmeras fotográficas, filmadora, algumas mudas de roupa, comida e livros castigavam ainda mais as costas que teimavam em doer. Aeroporto por horas. Sim, horas. Façam as contas. Se chegamos em Guarulhos às 3:30 e só fomos embarcar ao 12:00....foram longas 9:30? É. É isso aí. Minha bunda ficou com a marca do carrinho das malas por bastante tempo. Foi durante o primeiro passeio que sentimos como seria o resto da viagem. Tomamos refresco (igual ao do Chaves) e uma torta que só não era mais doce porque não dava. Aliás, ainda tento me lembrar o que não era doce naquela casa cuja janela era a abertura para a 'lojinha'. Ah sim, o pan con croqueta que a Vanessa tá me devendo. De malas nas mãos, sorrisos amarelos e adrenalina correndo louca, estávamos quase atravessando a porta que faria com que pisássemos pra primeira vez em Havana. A tão sonhada cidade... As pessoas andando rápido sem muito olhar para os lados denunciava que poucos eram os turistas de primeira viagem naquele corredor. O cheiro peculiar e seco, a falta de lojinhas no aeroporto e de qualquer adorno nas paredes |
Cuba é muito mais do que uma ilha caribenha, é muito mais do que a ilha de Fidel e Raul Castro e, principalmente, é muito mais do que um país nomeado como socialista. Após duas viagens ao pequenino país, Silvia Song tenta relatar um pouco sobre o que viu e o que experimentou em meio àquela cultura. Archives
December 2008
Mira |